O Luto Silencioso de Uma Carreira Que Se Esgota.
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4/24/20252 min read
O Luto Silencioso de Uma Carreira Que Se Esgota
Ninguém prepara a gente para isso. Para o momento em que aquilo que um dia foi sonho, conquista, orgulho… começa a pesar. Como um casaco bonito que já não serve mais, mas que a gente insiste em usar porque tem história. Porque deu trabalho para comprar. Porque todo mundo elogia. E aí a gente vai ficando lá, dentro do que já não acolhe, do que já não aquece.
É um tipo de luto, sabe? Um luto invisível. Porque não tem velório, nem despedida oficial, nem abraço de consolo. Só aquele vazio silencioso que mora entre uma reunião e outra. Entre a aula dada e o ônibus de volta para casa. É um luto pelo que a gente foi. Pelo que acreditava. Pela promessa de um “para sempre” que não se cumpriu.
E olha, é difícil admitir. Porque tem culpa. E como pesa essa culpa…
Culpa por estar reclamando de algo que muitos gostariam de ter. Culpa por estar cansado de um trabalho “estável”. Culpa por pensar em sair justo agora, depois de tantos anos de investimento. Culpa por talvez decepcionar quem esperava que você seguisse até a aposentadoria.
Mas deixa eu te contar uma coisa: sentir que algo acabou não é fracasso. É maturidade. É escuta. É coragem de encarar a vida de frente e dizer: “esse ciclo cumpriu o que tinha que cumprir.”
Tem gente que se recusa a ouvir isso. Que aperta os olhos, tampa os ouvidos, e continua forçando a marcha em algo que já não tem combustível. Vai adoecendo devagar, perdendo brilho, perdendo riso, perdendo a si. E não, não precisa ser assim.
Porque o que a gente sente não é frescura. É bússola. É termômetro interno apontando: “chegou a hora de rever o caminho.”
Esse luto da carreira não é só saudade do que foi. Ele também guarda a ansiedade do que virá. É como atravessar uma ponte com neblina. Você deixa o conhecido para trás, mas não enxerga direito o outro lado. E isso dá medo, claro. Dá frio na barriga. Mas também dá uma chance rara: a de recomeçar com mais verdade.
O mundo anda rápido. As mudanças são constantes. Mas algumas coisas continuam profundamente humanas. A dor de mudar, o medo de decepcionar, a esperança de ser mais feliz. Essas coisas moram no fundo de todo processo de transição.
E é por isso que é tão importante falar sobre isso.
Porque você não está só. Há milhares de profissionais — professores, terapeutas, gestores, artistas — que também estão vivendo esse “entre”. Que também estão olhando para si com mais honestidade. E que também estão, como você, se perguntando: “e agora?”
Não existe resposta pronta. Mas existe caminho. E o primeiro passo é esse: reconhecer que sim, é um luto. Mas é também o início de um renascimento.